quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Tipos de Discurso

Discurso é a maneira como os personagens se expressam dentro do texto narrativo.

São três as formas de se apresentar a fala dos personagens:

a) discurso direto: as falas dos personagens são apresentadas diretamente ao leitor, sem a interferência do narrador.

“– Tu não entendeste Peri, senhora; Peri te pediu que o deixasse na vida em que nasceu, porque precisa desta vida para servir-te.

– Como?... Não te entendo!

– Peri, selvagem, é o primeiro dos teus; só tem uma lei, uma religião, é sua senhora; Peri, cristão, será o último dos teus; será um escravo, e não poderá defender-te.

– Um escravo!... Não! Será um amigo. Eu te juro! Exclamou a menina com vivacidade.” (José de Alencar)[1]

b) discurso indireto: o narrador da história é que diz o que os personagens estão falando, ou seja, indiretamente os personagens conversam.

“O tísico do no 7há dias esperava o momento de morrer, estendido na cama, os olhos cravados no ar, a boca muito aberta, porque já lhe ia faltando o fôlego.

Não tossia; apenas, de quando em quando, o esforço convulsivo para arrevassar os pulmões desfeitos sacudia-lhe o corpo e arrancava-lhe da garganta uma ronqueira lúgubre, que lembrava o arrulhar ominoso dos pombos.

(...)

O médico recomendara que lhe dessem todo o ar possível e lhe fizessem beber de espaço a espaço uma porção do calmante que receitara. Uma lamparina de azeite fazia tremer a sua miserável chama e cuspia óleo quente. Havia um cheiro enjoativo de moléstia e desasseio.” (Aluísio Azevedo)[2]

c) discurso indireto livre: é uma mistura dos dois tipos anteriores, pelo qual o personagem fala por si próprio sem marcação alguma disso, ou seja, a fala do personagem se mistura à narrativa.

“Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a felicidade. De início se sentiu vazia. Depois seus olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio de espaços? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta. Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de Ulisses quase correndo: ele era o perigo.” (Clarice Lispector)[3]



[1] Alencar, José de. O guarani. 16a ed. São Paulo, Ática, 1991.

[2] Azevedo, Aluísio. Casa de pensão. 7a ed. São Paulo, Ática, 1992.

[3] Lispector, Clarice. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. 17a ed. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1990.

Um comentário:

Anônimo disse...

professor... Xou a aula ontem.

Mas... depois de conhecer até Billy Zane... vc perdeu pontos com alunos cinéfilos:

Christy Dustin, não! hahahah

Kirsten Dunst deve ter sentido um tremelique [?] na hora.. onde quer que ela estivesse.

Parabéns pelas excelentes aulas!!
Abraços para o garoto rebelde, Childerico.

Sérgio Harger - Joinville/SC